Os músicos, como os atletas, estão sujeitos a lesões musculoesqueléticas que podem ter um impacto severo em suas carreiras e também financeiramente. Todas as idades podem ser afetadas, mas existe uma frequência maior em pacientes entre 30 e 40 anos e com uma predominância levemente maior nas mulheres.

As queixas de problemas no cotovelo, punho e mão são as mais frequente e no geral a mão dominante é a mais afetada. A dor é o sintoma mais frequente, mas outros sintomas como dormência, formigamento, perda de força, cãibras ou perda de força podem estar presentes.

Cada instrumento possui sua particularidade, no entanto algumas patologias são mais frequentes nesses profissionais:

 

Overuse:

O problema mais comum é o uso excessivo, que representa o uso além da fadiga muscular. O fator mais importante é a repetição intensa e constante durante as sessões de treinamento. Outros fatores de risco incluem desproporção entre o instrumento e o músico, má postura, angulação excessiva do dedo, aumento do tempo de ensaios e treinamento, e o gênero feminino.

Esta condição faz com que os tecidos fiquem estressados além de seus limites anatômicos e fisiológicos. Mais de 50% de músicos profissionais abusam de seus membros, com consequente dores nos membros superiores.

O tratamento inicial na fase aguda consiste no repouso, uso de medicações anti-inflamatórias e gelo. A reabilitação (fisioterapia ou terapia de mão) deve ser instituída além de mudanças ergonômicas, mudanças de atividades e alterações específicas dependendo do instrumento tocado. Não há estudos que o uso excessivo pode se tornar uma patologia crônica.

 

Sd. Compressivas (Neuropatias periféricas):

A Síndrome do túnel do carpo e a Síndrome do túnel cubital são as duas neuropatias compressivas mais frequentes na população e também nos músicos. Estudos epidemiológicos reportaram uma incidência que pode chegar até 20% em músicos profissionais. Os sintomas são formigamento, perda de sensibilidade, dor e em casos graves atrofia muscular na mão.

A compressão do nervo ulnar no cotovelo (Sd. Cubital) é visto com mais frequência nos tocadores de instrumentos de cordas e em pianistas pode ser bilateral. Longos períodos com o cotovelo em flexão é um fator que pode colaborar com o aparecimento da Síndrome.

Já o túnel do carpo está relacionado com a posição do punho, tanto em flexão quanto extensão. É mais frequente em mulheres entre a 4ª e 5ª década de vida.

 

Distonia Focal (Cãibra do escrivão)

A distonia focal é um quadro indolor que consiste em uma alteração do controle motor na musculatura do antebraço e mão. Nos músicos consiste em espasmos musculares, incapacidade de realizar movimentos finos e contrações involuntárias sem uma doença diagnosticada no sistema nervoso central.

É uma doença pouco frequente e possui uma incidência maior nos pianistas e tecladistas. A doença se desenvolve lentamente durante os anos, porém a causa ainda é controversa.

O diagnóstico é clínico e o paciente deve ser examinado enquanto toca. Exames como eletroneuromiografia não possuem alterações especificas, somente co-contrações durante a atividade. O tratamento pode incluir medicações, terapia e injeções de botox.

 

Osteoartrite

A osteoartrite é comum em músicos, pois um músico profissional terá iniciado sua carreira muito jovem e muitos continuam a se apresentar em um ritmo intenso bem depois dos 80 anos. Nenhuma correlação clara foi estabelecida entre tocar algum instrumento musical por um longo prazo e o desenvolvimento de artrite degenerativa das articulações das mãos, mas seja como parte da predisposição genética do paciente ou secundária a trauma, é suficientemente comum na população em geral para afetar os músicos.

As articulações mais comumente acometidas são as interfalangeana distais e a articulação da base do polegar que leva o nome de Rizartrose. Os sintomas mais frequentes são dor, aumento de volume, limitação de movimento e deformidades.

O tratamento depende da articulação acometida, do tipo de instrumento e da gravidade do quadro.

 

Síndrome do desfiladeiro torácico

Essa síndrome apesar de rara é relativamente comum em músicos, especialmente flautistas, provavelmente pela postura enquanto tocam. Consiste na compressão dos nervos do braço na região entre o pescoço e a axila. Também é mais frequente nas mulheres do que nos homens e pessoas obesas tem mais chance de apresentar o quadro. Os sintomas podem ser desde dor, falta de sensibilidade, fraqueza até atrofia muscular. O tratamento depende da gravidade, do instrumento, sintomas e causa da compressão.

 

 

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